Pensava que o amor era tudo. Um fim em si mesmo, a presença que anula a falta, a totalidade capaz de preencher o vazio.
Pensava que o amor era um ponto final. O fim da solidão, da tristeza, da incompreensão, de tal forma que o amor bastaria.
Pensava que o amor era mudo, sacrificial. O fim de uma busca, um voto em troca da linearidade de um caminho exato e longínquo.
Pensava e, debruçado sobre a margem de um lago, pensei uma segunda vez.
Pensei que o amor é água.
Água que nutre, que promove a vida.
Água onde é possível boiar relaxadamente na superfície ou mergulhar em sua profunda imensidão.
Água que pode ser refrescantemente bebida.
Água que movimenta, desequilibra equilibrando, modifica.
Água que faz a planta crescer e a solidez da pedra ceder.
Água de mar, que se estende e se conecta com o que está longe.
Água de rio, que nasce e busca desaguar em um curso maior.
Água cuja superfície reflete o sol e a lua e, para quem que deseja olhar, também é possível se ver.
Pensei que o amor é o prazer da busca, a eterna aventura do marinheiro que se lança em direção a um sonho, mas que nunca sabe o que irá encontrar no caminho.
Pensei que o amor também é o conjunto de possibilidades infinitas de se encontrar a cada vez que algo afeta seu espelho d'água, criando grandes círculos que se propagam com o passar do tempo.
Pensei que a água está na chuva, nos oceanos e riachos e que está dentro do meu corpo. Desde o gelo do pico montanhoso ou do orvalho da manhã,
O amor está em tudo.
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