Um grupo de homens se reúne em volta do fogo. A maioria deles dança e urra enquanto os outros apenas observam. Em seus rostos a tinta vermelha faz desenhos que marcam a tribo. Os homens que dançam se movimentam firmemente dançando em volta do fogo. Em suas mãos estão lanças que apontam para o céu enquanto bradam gritos ferozes. A chama confunde o olhar dos que observam. Quietos e compenetrados permanecem sentados. Horas passam e a fumaça atinge o azul escuro do céu. Um dos que dançavam começou a olhar o fogo e em seu corpo começam a sair espinhos e sua pele se torna grossa ganhando uma tonalidade marrom. Outro ao seu lado começa a se contorcer, de suas costas saem asas. Olhando para o céu ele sobe o mais alto que pode. Um dos que estavam sentados começa a se desintegrar em partículas de terra. O homem na outra extremidade do fogo vê seus pensamentos flutuando para fora de sua cabeça e entrando na cabeça dos demais da tribo. Ele logo se levanta tentando puxá-los de volta, mas é em vão. Os que estavam com lanças em punho começam a se atacar. Os que não as tinham atacavam com patadas e grunhidos. Em pouco tempo os homens foram caindo. Não era mais a tinta que pintava seus corpos de vermelho. Um último que havia matado três de seus irmãos observou cipós saindo das árvores, se enrolando nos corpos e puxando-os para dentro de si. O homem dos espinhos se fundiu com a árvore, o das asas não mais voltou das nuvens e o terceiro se desintegrou com a terra se tornando parte dela. Tentando pegar de volta seus pensamentos o último homem cai nas chamas e lá seu corpo permanece. Aquele que havia restado contempla que foi o único que sobreviveu. Este então começa a olhar a sua volta. Estava só e havia contribuído para isso. Sabia que era responsável por tudo que havia acontecido. Com um grito feroz retoma sua lança e sai pela mata. Havia satisfação, realização, mas não culpa. Sem a Lei não há sofrimento, conflito ou arrependimento. Há apenas o desprazer e o prazer da onipotência humana.
sábado, 15 de outubro de 2011
Introdução
Dementia Paranoide foi o termo utilizado para o clássico caso freudiano Schreber. Este apresenta importância para o estudo das psicoses revelando algumas facetas que cruzam com questões da psicopatologia. De forma ampla, diz-se da psicose que o Id invade o Ego. Dito de outra forma, os desejos do inconsciente invadem a consciência. O sujeito incapaz de lidar com tal situação lança mão de delírios e alucinações em uma tentativa de se reintegrar no mundo. Porém, ao fazer isso, falha, criando um novo mundo existente apenas em sua consciência.
Dessa forma Dementia Paranoide une psicanálise e psicopatologia. O prefixo psi nos leva a agregar ambos dentro da Psicologia, porém o foco aqui será em psicanálise (psicose, perversão e neurose) e psicopatologia. Sendo utilizado todo e qualquer tema e teoria dos autores envolvidos nestes dois campos. Por fim, unido a esses dois estará a poesia e a fábula. Não haverá aqui riqueza em definições teóricas, mas sim textos em forma de verso ou de pequenos contos que fantasiosamente (e nem sempre com comprometimento teórico) irão passar pelos fascinantes temas da psicologia profunda e das patologias da mente.
A todos que conhecem e apreciam a Psicologia; que apenas a conhecem e aos curiosos e interessados em contos que representam a mente humana.
Tenham uma boa leitura.
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