Algumas horas
se passaram enquanto alinhava e desalinhava seus livros. Estantes inteiras.
Grandes, pequenos, de várias línguas, credos e estados.
Um deles caiu
no chão, sua capa dura se abriu expondo páginas amareladas pelo tempo. Deu um
grito súbito e saltou para trás, gritou mais uma vez... Assustado, logo o fechou
e pôs de volta em seu lugar. Respirava ofegante, rapidamente.
Eram tantas
letras, palavras, sentenças – sentenças? Como poderiam aqueles blocos
empoeirados repletos de rabiscos significarem alguma coisa... São apenas riscos
ordenados – ordenados. Encontrava-se agora sentado no chão golpeando a cabeça.
Encontrava-se.
Parou por um instante e olhou em
volta. Olhou os livros, verificando como havia os organizado, dispondo-os em
uma ordem que fazia sentido. Sentido? Disso sabia dizer, pois angústia havia
sentido. Levantou, pegou uma folha do caderno sobre a mesa, uma caneta e mais
uma vez usou o chão de apoio. Deitado começou a marcar rabiscos ordenados no
papel – ainda branco, novo. Rabiscos diversos, alguns parecidos com os que
estavam na capa dos livros. Marcou no centro da folha, na parte superior, um
conjunto de rabiscos e disse em voz alta:
Encontrava-se.
Assim, ele prosseguiu, marcou a
folha toda e depois outra e outra. Ele rolou pelo chão, absorto em suas
palavras, suas sentenças ordenadas. Era a primeira história que ele entrava em
contato. Era a sua história.
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