domingo, 6 de novembro de 2011

Doppelgänger



Em uma tarde ensolarada de terça-feira, sentada em um jardim cercado de árvores, via-se alguém brincando com sua boneca. Com muitos gestos ensinava a boneca coisas sobre o mundo:

-Filinha, vê essas árvores? Elas foram plantadas pelo grande Rei. Ele me disse que quando eu crescer receberei todo o poder que ele possui, como um presente. Conta Luci para sua boneca.

O vento derruba algumas folhas de uma árvore próxima.

-Que sono... vamos dormir?
-Existem pendências no relatório de amanhã. Disse Lisa.
-Eu não sei o que é um r-e-l-a-t-ó-r-i-o. Repetiu Luci copiosamente.
-Os dados da cliente precisam ser vistos.
-Agora eu não quero, estou com sono.
-Os prazos precisam ser cumpridos.
-A única coisa que quero agora é aproveitar esse ventinho bom, olhar os passarinhos cantando e brincar de adivinhar os desenhos das nuvens... Olha! Aquela é uma borboleta.

Algum tempo se passa.

-Como são alegres essas tardes com você filinha. Disse Luci
-Já está ficando tarde. Lisa em tom de seriedade.
-Eu não quero ir agora.

Lisa levanta, olha no relógio, 19:30. O sol não mais iluminava o quintal de sua casa. Observa a sua volta, rapidamente sua consciência é invadida por memórias de um homem sentado no chão, ao lado de uma pequena menina, lhe ensinando como plantar uma muda de árvore. Ela arruma seu terno que havia amassado e se enchido de folhas e murmura:

-Você já pode ir agora, por mais que você tente não poderá fazer nada para trazê-lo de volta para mim...

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