domingo, 20 de setembro de 2020

Quilômetros por hora


Você ligou o carro e tocou minha mão,

As malas ficaram em casa, esqueci.

Tudo que estava aqui começou a desaparecer.

Todo início parte de um "não"...


Estava eu no lugar do passageiro,

Você dirigia rápido,

E a viagem ao redor da lua durou 60 dias

Através da janela eu via o mundo inteiro:


Criança brincavam no parque, amigos a se encontrar,

Famílias emaranhadas em seus próprios nós...

Assim como eu, passageiro,

Tudo podia ver, mas nada podia ficar


Talvez precisasse descansar, talvez tivesse pressa.

Toda viagem parte de um "não"... Assim uma nova se inicia

Sigo rumo a terra prometida,

Logo eu que conheço o teor das promessas...

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Thule




Era um labirinto sem fim, ultima Thule.
Nele eu nasci, cresci, vagando por suas ruas, esgueirando pelos cruzamentos.
Crescido, acostumei com uma dúzia das mesmas paredes,
Estabeleci, para mim, um lugar conhecido.
Com o tempo o conhecido se tornou único, o labirinto se tornou caminho,
As paredes um abrigo. Encerrado nestas paredes, encontrei o fim.

Não era mais um labirinto, muito menos "sem fim", tudo se tornou conhecido.
Não mais vagava, mas andava firme. Passei a numerar as paredes, cada uma com um significado muito próprio. A 2 era o lugar do repouso, a 5 do lazer.
O corredor 4 levava à entrada e o 3 à saída.
Com o tempo experimentava certa alegria.
As paredes se tornaram uma casa. Vivendo nestas paredes, encontrei o fim.

Era um dia comum, passeava por minha morada, já não precisava mais prestar atenção por onde andava.
Distraído, tropecei em um pensamento, me deparei com um cruzamento.
Avancei, não era a 6 ou a 2. Comecei a vagar, rua após rua.
Era um labirinto sem fim, como poderia ter esquecido?
As paredes se tornaram partes das ruas, nada mais conhecido, não havia mais começo, não havia mais fim.

Era um labirinto sem fim, ultima Thule.
Nele eu nasci, cresci, vagando por suas ruas, esgueirando pelos cruzamentos.
Crescido, acostumei com uma dúzia das mesmas paredes,
Estabeleci, para mim, um lugar conhecido.
Com o tempo o conhecido se tornou único, o labirinto se tornou caminho,
As paredes um abrigo. Encerrado nestas paredes, encontrei o fim...

terça-feira, 24 de julho de 2018

Das Meer


No escuro dos olhos, um lampejo.
Como uma tempestade, brilha no céu um raio intenso.
A boca molhada pelo beijo.
Destes mesmos olhos que dormiam no tempo,
Desperta a fagulha de um desejo.

A chuva ainda cai, a água leva os sentimentos,
Não mais saberia da aridez,
Não mais veria a solidão e seus rebentos.
Desperto mais uma vez.

E na loucura deste enredo,
Custo a acreditar que neste breve segundo,
Depois de tantos anos em segredo,
Ainda caio nas armadilhas deste coração moribundo.
Mas o que seria da alegria se não fosse o medo...

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Colecionava livros e não histórias


Algumas horas se passaram enquanto alinhava e desalinhava seus livros. Estantes inteiras. Grandes, pequenos, de várias línguas, credos e estados.
Um deles caiu no chão, sua capa dura se abriu expondo páginas amareladas pelo tempo. Deu um grito súbito e saltou para trás, gritou mais uma vez... Assustado, logo o fechou e pôs de volta em seu lugar. Respirava ofegante, rapidamente.
Eram tantas letras, palavras, sentenças – sentenças? Como poderiam aqueles blocos empoeirados repletos de rabiscos significarem alguma coisa... São apenas riscos ordenados – ordenados. Encontrava-se agora sentado no chão golpeando a cabeça.
Encontrava-se.
Parou por um instante e olhou em volta. Olhou os livros, verificando como havia os organizado, dispondo-os em uma ordem que fazia sentido. Sentido? Disso sabia dizer, pois angústia havia sentido. Levantou, pegou uma folha do caderno sobre a mesa, uma caneta e mais uma vez usou o chão de apoio. Deitado começou a marcar rabiscos ordenados no papel – ainda branco, novo. Rabiscos diversos, alguns parecidos com os que estavam na capa dos livros. Marcou no centro da folha, na parte superior, um conjunto de rabiscos e disse em voz alta:
Encontrava-se.
Assim, ele prosseguiu, marcou a folha toda e depois outra e outra. Ele rolou pelo chão, absorto em suas palavras, suas sentenças ordenadas. Era a primeira história que ele entrava em contato. Era a sua história.

Wrong


Apenas para constar: por algum motivo o HORÁRIO das publicações está sempre errado. O tempo da página está errado. Por que o tempo está errado?

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Isso (Es/Ça) virou poesia


Onde ficaram aqueles dias?
Posso ouvir o som, ver os sorrisos, mas há uma mancha no céu.
Porque desta forma? Porque antes?

As flores agora choram,
Os lábios choram, as letras choram.
Onde estava?

Onde estão aqueles dias?
Deixei em algum lugar, esqueci.
Como o tic tac do relógio...

A memória esquece e lembra,
Esquece e lembra,
Esquece e lembra.

Lembrar traz aqueles dias de volta.
Recordações são mentiras,
Mentiras das mais preciosas.

Como este texto, irá sumir,
Mas ficará na memória,
Como um fim, fim, fim, fim, fim. (tic) (tic) (tic) (tic)


...Começo (tac)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013







Eu não dizia. Como as palavras poderiam...?
Nem mesmo eu sabia. Cada verso escapava em forma de agonia.
Restos de uma noite fria que se esgueiravam por detrás de cada linha.
As palavras disseram uma vez e hoje ainda eu ouvia:
"O ponteiro do tempo devora enquanto gira".
Mas como eu poderia, neste eterno vazio,
Escrever o que de fato eu sentia.
Assim o silêncio me ensinou que por mais que eu quisesse
Nunca conseguiria. E mais uma vez eu tentaria
Colocar a dor em poesia e o amor em um ato de melancolia